Havia vários no corredor.
Estava eu já em sala, prostrado na cadeira, em frente à mesa e ao diário aberto.
Ela gritou para eles entrarem.
Entraram um por um.
Todos.
Na último, vejo a porta se fechar, nos trancando lá dentro.
Pela fresta anterior ao
clic da maçaneta, ainda pude ver seus olhos, que me olhavam com ar de "nós vamos sobreviver a isso!".
Senti-me sendo fechado num presídio e eu, o carcereiro sem armas trancado na cela com os
hóspedes.
Continuaram como se estivessem ainda no corredor, na festa, na rua, na fazenda…
"Tá rindo de quem?!? Vou te chamar de saci, hein! Ô feijão!"
"Falaram que você tá fumando cachimbo que nem macaco!" [para uma aluna negra, que chupava pirulito].
"Professor, essa cachorra me mordeu! Morcegão!"
Alguns outros, que estavam nas duas fileiras em frente à minha mesa me olhavam esperando uma ação, um grito.
A ação que tive foi dar aulas às duas fileiras de alunos.
Sentei em minha mesa e, de frente a eles, começamos a conversar.
As ourtas três fileiras da sala continuaram como se estivessem no corredor, na festa, na rua, na fazenda…
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
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