sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Alta dos juros básicos freia investimentos

Decisão do Copom impacta consumo das famílias e a produção nacional

Michele Roza

O anúncio da alta da taxa de juros básica da economia do País, a Selic, na última sexta-feira (21), em 0,5 ponto percentual (de 10,75% para 11,25%), indica uma retirada de cerca de R$ 3 bilhões do consumo das famílias e dos investimentos das empresas brasileiras, em 2011.

Famílias e empresas

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), em 2010, as famílias brasileiras gastaram R$ 128 bilhões em juros e as empresas R$ 105 bilhões. Juntos, os setores direcionaram R$ 233 bilhões para honrar os juros do ano. Com a elevação da taxa Selic, esses recursos deixam de ser utilizados para consumo e investimentos – impactando no emprego e na geração de renda.

“A medida é negativa e atrapalha o bom ritmo da atividade econômica do País, ao tornar os financiamentos mais caros, freando o consumo, ao mesmo tempo em que uma fatia importante da renda da população passa a ser transferida ao setor financeiro”, avalia Abram Szajman, presidente da Fecomércio.

Além do impacto sobre o consumo das famílias, a elevação dos juros básicos da economia deteriora, ainda mais, as já deficitárias contas do Governo. A cada ponto percentual de elevação da Selic serão adicionados às despesas públicas cerca de R$ 5 bilhões em pagamento com juros, no montante a ser acumulado até o início de 2012.

Trabalhadores e produção nacional

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central, de elevar a taxa Selic sob o pretexto de combater a inflação, é mais prejudicial aos trabalhadores, e atraindo muito investimento estrangeiro poderá colocar em risco a agricultura e a produção industrial nacional.

“Não é com a taxa de juros nas alturas que se contém a elevação de preços. O Brasil precisa de mais investimentos na produção para absorver o consumo. A elevação estimula a especulação e aumenta o endividamento interno. Vale lembrar que antes mesmo da alta da taxa, o Brasil já era detentor do maior juro real do mundo”, afirma Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT).

“Fico preocupado com esse aumento dos juros, pois observamos que, embora a inflação esteja em alta, o Brasil continua sendo um porto seguro aos investimentos estrangeiros. Com essa alta, vamos atrair mais dólares, que podem aumentar a valorização do real, causando mais prejuízos à nossa indústria e à nossa agricultura”, aponta Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Carga tributária

Ainda de acordo com a Fecomércio, em 2011, o contribuinte brasileiro só vai parar de pagar impostos a partir da segunda quinzena de maio. Até 19 ou 20 de maio, o brasileiro trabalhará exclusivamente para pagar tributos. A carga tributária esperada neste ano é de cerca de 38% do Produto Interno Bruto (PIB).


Fonte:http://www.arcauniversal.com/economiaeconsumo/noticias/alta_dos_juros_basicos_freia_investimentos-3539.html?

Nenhum comentário:

Postar um comentário